quinta-feira, setembro 23, 2004

A VIAGEM DE REGRESSO

Vinha no avião e a cogitar: e se esta merda se despenca? Um gajo cai lá em baixo e nem o Rolex que este português que viaja a meu lado, usa com tanto desvelo (sempre de punho esticado para se ver bem a máquina...) se aproveita...A dentadura da velha que há bocado tocou três vezes para a hospedeira lhe trazer um copo de água ( e pediu de maus modos num inglês-de-hotel-francês) se não se derreter pelo fogo, vai aparecer a cinquenta quilómetros de distância. O passageiro do lugar à minha frente, nunca mais se preocupará em pintar o cabelo num tom castanho-avermelhado que lhe subtrái cinco anos à idade e lhe aumenta em dez o ar de palhaço-pobre-de-espirito. A rapariga morena que viaja no lugar a seguir ao do português do Rolex e que não tem, desde o inicio da viagem, deixado de contestar (e de forma bem audível e truculenta) tudo o que o seu namorado, noivo ou marido, diz, não mais terá de escolher as palavras certas da sua verborreia a denotar doença do foro cabeçal. Eu não terei hipótese alguma de escrever nem um post de despedida.

O avião chegou à Portela sem se despencar. Alguns passageiros portugueses bateram palmas talvez por isso mesmo. O motorista de táxi quando lhe disse que a direcção era Almada só não me convidou a sair do carro porque lhe fiz cara de poucos amigos. Vim de um país onde chovia a potes; aqui faz sol e calor. A fila a caminho da Ponte é imensa mas no pára-arranca descortinam-se sorrisos de confiança (menos nos carros com simbologia sportinguista). Que bom é chegar a este país, inteiro! E ao vosso convívio...Inté!
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