segunda-feira, abril 18, 2005

OLHARES

Hoje, logo pela manhã, quando me assomei a uma das janelas que dão para o rio e para a grande cidade -olhar mecânico de quem não acredita demasiado nos vaticínios dos metereologistas da nossa praça, além de constatar que inúmeras nuvéns cinzentas-escuras cobriam o céu e se reflectiam sobre Lisboa e o Tejo dando-lhes uma coloração de chumbo invernoso, dei por mim a perguntar-me : se alguém vem pela primeira vez a esta casa e chega a esta janela e as primeiras palavras são de elogio para a magnífica paisagem que daqui se desfruta, porque raios eu a vejo tão rotineiramente monótona, à excepção das noites de trevoadas pegadas, com raios riscando o céu, o ribombar dos trovões, qual batalha aérea de filme de grande produção ou as inúmeras velas brancas de uma regata, rasgando as águas mansas de um rio azul em tarde morna de verão?

Se a rotina tanto influencia -pela negativa (ou pelo desconforto?!) o percurso de vida de algumas pessoas, porque motivo essas mesmas pessoas não procuram o caminho da criatividade? Por mim, já me decidi; hoje vou pintar o Tejo de terra-sena, a capital de vermelho-magenta e o céu côr de açafrão. Pelo menos, vejo a paisagem...com olhar diverso.
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