sábado, fevereiro 19, 2005

A DEMOCRACIA em FORMATO A-4

era de fala afável, em redondo,
nenhuma palavra a mais ou aguçada que fosse;
calmamente pôs-lhe uma mão no ombro:
amigo, não adivinha o que aqui me trouxe?
despertá-lo para as benesses da democracia;
musculada, firme e de facto intransigente
(e não é que tinha convicção no que dizia?),
a partir de hoje, vai ter por conta muita gente,
gente sem passado (e futuro!) tão omisso
que apenas reclamam parcas regalias...
e que ganho eu com tudo isso,
além do gordo vencimento e mordomias?
inquriu o outro, desconfiado da fartura.
ganha o reino dos céus, a bem aventurança
...nada de mais ou de contra-natura,
para quem passou a vida a encher a pança.


Hoje o autor não comenta o seu próprio poema; em tempo de eleições e quase à boca das urnas, não deseja que lhe seja imputado o labéu de propagandista de qualquer uma das forças em compita e quase lhe apetecia dizer que ganhe o melhor; só que o "assunto" desta vez é muito sério e não se pode (ou deve) confundir com futebóis. Que se cumpra o desígnio português...mais uma vez.
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