segunda-feira, novembro 22, 2004

TURISMO ACIDENTAL

Turista acidental que se preze, viaja todo o ano. Daí o meu conselho de hoje: conheça outras terras, outras gentes e outros costumes apesar de saber que a temperatura vai baixar ainda mais nos próximos dias e que este sol (dito de São Martinho) que nos visita ainda esta manhã, não é eterno e vai mesmo para outras paragens sendo substituido pela chuva que faz falta à agricultura e a outras coisas que não vêm agora á colação.

Posto isto, sugeria-lhes a visita a uma cidade que decerto dentro de muito pouco tempo vai "estar na moda". O Laranjeiro. Exclamarão os mais doutos e avisados nestas coisas da geografia que o Laranjeiro ainda não é uma cidade! E replicarei eu que é verdade; ainda não é "agora" mas vai ser "amanhã"! E porque eu sei que o progresso cada vez se constrói mais rápido e sou testemunha ocular do processo, está fundamentada a minha classificação urbana por um lado, por outro estou a oferecer-lhes dicas para tal viagem "em tempo sossegado" pois não faltarão hordas de visitantes de todas as nacionalidades raças e credos a desembarcarem no Laranjeiro originando os naturais incómodos que o turismo de massas proporciona em regiões muito reclamadas nas agências de viagem.

Dezembro será a melhor altura para chegarem. O frio e a chuva são elementos vitais para se apreciarem as condições em que os habitantes percorrem as ruas da "cidade" sem qualquer tipo de protecção que se observam noutros locais urbanos europeus (as palas construidas nos edificios com comércio são uma constante) mas que aqui são enfrentadas com grande espírito desportivo e com um sorriso nos lábios. Por essa altura, também as obras do "metroligeiro" estarão no seu ponto alto e com a ajuda do tempo os transeuntes demonstrarão aos visitantes porque são considerados das populações mais equilibristas da Europa. Poderá ainda o visitante assistir ao vivo à queda de um popular num buraco das ditas obras se houver quem se voluntarize para tal. É um espectáculo inolvidável, garanto. Ainda no que concerne a estas obras, o visitante vai ter de se adaptar a fazer longas caminhadas a pé (o que faz muito bem à saúde...)uma vez que os transportes serão cada vez mais reduzidos e as faixas de rodagem que sobram (uma para cada sentido) não chegam para os naturais quanto mais para os turistas...

É célebre a largura dos passeios no Laranjeiro, na principal avenida. O visitante, se apanhar uma nesga de sol, pode perfeitamente "plantar" uma toalha de banho e um chapéu e bronzear-se. Terá no entanto de consultar o calendário pois dias haverá que o comércio ilegal assenta arraiais em alguns destes espaços e nada nem ninguém dali os retira, sendo no entanto mais outro espectáculo a não perder pois das abóboras aos casacos de malha , das cuecas para senhora aos tomates para salada, tudo ali pode encontrar. Um dia, esta zona será tão conhecida como o mercado de Marraquexe. O turista também ficará admirado com a ocupação de veículos automóveis usados, para venda, em espaços que deveriam ser propriedade dos peões. Pode fazer-se fotografar junto dos vendedores que costumam estar de cadeirinha...simpáticos e bonacheirões.

No que se relaciona com o meio ambiente, o visitante pode admirar os imensos "espaços-maduros" (brilhante concepção e resolução paisagística na malha urbana e o contrário de espaços-verdes...)onde todos se poderão sentar (no chão) sob frondosos postes de electricidade. Um dos raros espaços-verdes ainda existente funciona neste momento como casa -museu e pode visitá-lo se jogar uma partida de sueca. A construcção é muita e recomenda-se. Disse um arquitecto (do qual não me ocorre o nome) que é mais fácil ordenar um padre que uma cidade. A "cidade" do Laranjeiro não me parece nada católica nesse aspecto...Estes são os principais aspectos turísticos de um roteiro que não se fica por aqui. Mas não se deve dizer tudo; ao turista deve ser dado espaço de descoberta,não ´concordam comigo?





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