segunda-feira, dezembro 13, 2004

NATALICIA

A loja de artigos de desporto do grande centro comercial estava cheia de gente se bem que a maioria se limitasse a dar uma vista de olhos que comprar é mais difícil nos tempos que correm ideia comprovada pelo movimento na caixa do estabelecimento onde apenas uma pessoa pagava o que tinha acabado de adquirir e sabe-se lá com que sacrifício que não pensem que estou a descrever o faduncho português da triste sina que é qundo chega esta época é que nos cai tudo em cima pois que também tenho um familiar próximo que o mês passado acabou de ingressar no lote dos felizes premiados com o desemprego e a mulher grávida e com um vencimento que apenas serve para disfarçar a balança da economia familiar com o pagamento dos consumos da casa e andou a tirar (tarde) um curso para quê e que não foi nada barato e agora como é que aquela gente vai encarar o próximo futuro isto pergunto eu que eles me são chegados e os outros casos que não são poucos que isto até me faz recuar anos atrás com a minha avó a contar-me que os portugueses de menos posses detestavam o inverno pois se o dinheiro mal chegava para o alimento quanto mais para agasalhos e até parece que estou a rever a cena quando o homem de meia idade depois de ver o preço do fato de treino azul se afasta desalentado é verdade que é um artigo de marca, que talvez possa comprar outro mais em conta numa loja de bairro mas então porque carga de água abrem estes centros comerciais com coisas boas para a vista a desafiarem o pessoal a compararem o que não podem com meio ambiente colorido propício e música da quadra a condizer que as técnicas de venda cada vez são mais agressivas e eu ali no meio da confusão a fazer o quê pergunto-me surpreendido e é quando que a modos se abriu um círculo no meio das gentes ou foi impressão minha e lá estava ela uma menina de olhos grandes claros e doces e cabelo alourado aos caracóis pequenina de cinco anos talvez que dava a ideia que não pertencia áquele momento mas que me olhou e sorriu e eu fiquei tão estupefacto que também deixei de ouvir as vozes das pessoas na loja e éramos só os dois que á cautela pois que nos tempos que correm de pedofilias e quejandos já um adulto se dispensa de sorrir para uma criança desconhecida ou pior ainda falar-lhe um fazer-lhe uma festa que os olhares de outros adultos estão vigilantes ao que se chegou caraças! mas não temi e avancei para ela, baixei-me mais à sua altura e disse-lhe «és muito bonita! por acaso não te perdeste pois não? e como te chamas?» e ela e os olhos grandes claros e doces respondeu num fio de voz de criança de desenho animado da Disney que «não estou perdida que o meu pai está ali à porta de barbas brancas e vestido de vermelho ao pé da rena de cartão e o meu nome é Natalícia».
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