sexta-feira, novembro 26, 2004

ENCONTRO

O edifício amarelo é aquele e o café, onde é que pára o café? como é que ela disse que se chamava o café?, raios, que cabeça esta! e ainda por cima não tomo nota das coisas...O que é que me custava escrever?! Ah! deve ser aquele: "O Seu Café" (arranjam cada nome para estes estabelecimentos; se o dono quis dizer que o "café é do cliente", o cliente ao ler só pode imaginar que o café é do proprietário...Bom. É um café igual a tantos outros, de bairro. O melhor é entrar e sentar que ela sugeriu as dez horas, eu assentei que estava óptimo, faltam dois ou três minutos e sabendo como são as senhoras nestas coisas decerto que vou ter tempo de ver as gordas do jornal...uhm, isto aqui dentro está um bocado pró escuro, o tempo também não ajuda que depois de tantos dias de sol, hoje esta nebelina quase que esconde as ruas da cidade e o interior deste café. Da meia dúzia de mesas, apenas uma está ocupada por um velhote que olha como que hipnotizado para um copo vazio que deve ter sido de um galão. Sentei-me e aos meus "bons-dias!" nem o velho nem o homem que está ao balcão e de quem apenas descortinei a calva me responderam; isto já não é nada de como era dantes que nem à saudação se responde...

São nove e quarenta. E vão duas bicas e depois de ler que Carlos Cruz foi vaiado pela multidão à saida do tribunal (os ódios e paixões que se tecem em volta das figuras públicas continuam a surpreender-me...) já estou nas notícias do desporto. O Sporting e o Benfica ganharam. Ora bem!, daqui pode o povo dormir descansado que os dois rivais fizeram a sua obrigação...internacional. E ela? Afinal se mora aqui tão próximo não seria para se demorar tanto...Pode ter acontecido algum precalço e como decidimos que não havia telefones -fixos ou móveis-, nesta aproximação, não posso adivinhar, não é? Mas que é estranho, é. Mas se ela me disse que frequentava este café com regularidade, o homem calvo e que não responde aos bons dias deve saber de quem se trata...pelo nome e por alguns dados que ela me deu. O melhor é perguntar que o tempo vai passando e nada. Desculpe, começo eu, por acaso conhece uma menina de nome Paula, cabelo preto, que diz que costuma vir aqui ao café e que mora no cinquenta e dois? Sem lenvantar os olhos das chávenas que ia lavando por detrás do balcão, o calvo respondeu que "no cinquenta e dois a única pessoa que lá mora é a Sara uma senhora com oitenta e cinco anos, viuva, que recebe a visita do filho todos os dias e que já não vem a este café porque se encontra acamada vai para quatro anos". Paguei e saí para a rua a assobiar a Portuguesa. O sol já tinha despontado.

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