quinta-feira, maio 19, 2005

EM NOME do FILHO

Apenas ao fim de todos estes anos, fiquei a saber que, com quinze dias de vida, fui encontrado na rua -não como é tradicional em situações semelhantes à porta de uma igreja, mas muito próximo de um contentor de lixo, na barata salgueiro em lisboa e num estado físico calamitoso; mais osso que pele, entre a vida e a morte. Aqueles que seriam os meus pais adoptivos, não têm regateado esforços, dedicação e amor (como de verdadeiros pais se tratassem), em me proporcionarem uma vida familiar de grande qualidade e rodeado de enorme carinho e afecto.

Sempre me imaginei um "filho" nascido do amor deste fantástico casal . Até ao dia de ontem; talvez supondo que eu me encontrava a brincar no quintal, os "meus pais" (numa conversa perfeitamente casual), desvendaram-me o modo como eu tinha aparecido na vida deles. Devo confessar que foi um choque profundo, porque não estava preparado para ouvir tal, embora desde sempre tivesse notado que não possuia aquilo a que se chama "parecenças físicas" da parte de qualquer um deles...

Além de me sentir profundamente abalado com a descoberta, o meu maior drama é ainda o de não me poder exprimir de viva voz e dizer-lhes o que sei, mas que não se preocupem porque os hei-de continuar a amar para o resto da minha vida. Nem o nome com que me baptizaram (e que muito honestamente...detesto), porá em causa o meu enorme agradecimento.

benfica,
o gato preto que "mora" no 21, terceiro esquerdo, da heliodoro salgado.
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