sexta-feira, janeiro 21, 2005

DIZER ADEUS

sempre tive ideia que não há modelos standard para despedidas. refiro-me de modo geral às despedidas verbais; tal como não haverá para outras situações da nossa vidinha, como por exemplo as chegadas; se umas carecem de emocionados adeuses, o voltar de costas e "fica bem, que parto para outra", o inopinado "vou comprar tabaco, já volto" e nunca mais põe os butes em casa, as outras carecem de apresentação do tipo "sei que não me conheces, mas sem te passar pela cabeça, estavas à minha espera à séculos", "o senhor director provavelmente nem se lembra de mim, trabalho no sétimo andar, nas contas poupança e tenho um problemazinho...", "sou o gaspar e o teatro está-me na massa do sangue, é de família que já o meu pai trabalhou no monumental...era electricista..."...e exemplos não faltam para provar a diversidade.

mas se as apresentações não são geralmente muito complicadas, já as despedidas poderão conter doses elevadas de dramaticidade que poderão chegar às lágrimas em catadupa, encharcando lenços, ombros e peitos, sendo que não há quase diferença no género, de verter àguas(?!), pois já vai longe o tempo da ideia que "um homem não chora...". poder-se-á daqui inferir que se estas situações que se reportam "ao vivo", não serão fáceis, as mesmas remetidas para a escrita, passariam a ter um menor grau de dificuldade porque "olhos que não vêem, olhos que menos sentem"... pois devo confessar-vos, que no meu caso, que é dele que estou aqui a tratar, é muito mais complicado despedir-me de vós por este meio, que de viva voz. é verdade; chegou a vez -a minha vez! de partir e dizer-vos adeus. não o faço naturalmente sem emoção (sem lágrimas sim, não por ser mais homem, mas por uma questão de princípio(?!)), pois vim aqui encontrar pessoas que nunca conheci e gente que não esperava conhecer. compreenderão que me é extremamente penoso acrescentar mais. adeus!

será assim, mais letra menos parágrafo, que um dia me despedirei de vós, confuso, perturbado e logo de mala cheia de saudades, como manda a boa tradição portuguesa nas despedidas. Tenham um óptimo fim de semana e até segunda-feira.

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