quarta-feira, março 30, 2005

O VAZIO APARENTE

Partiste.
Agora os meus dias
são mais cinzentos
que antes.
Antes, tu sorrias;
hoje
foram-se tais momentos
importantes.
Não rescrevo o amor
ou me recrimino;
apenas o reinvento
sem destino.
Ou tento...

Bertus

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Ainda com resquícios de folares no colarinho e o bandulho a abarrotar de amêndoas, para mal dos meus pecados o Bertus-poeta (?!) regressou! Mas...não querem saber que já lhe estava a sentir a falta?! É que ele -e o seu poemar, é fonte inesgotável de tema para "cascar" em alguém; e crítico que se preza não pode (nem deve) enjeitar tais oportunidades que lhe oferecem de bandeja, para enriquecer o seu labor literário.

Hoje, nem me dou ao trabalho de lhe zurzir a escrita ou o "assunto" que nos propõe o vate (?!) ; a qualidade visível do produto fala por si. E que poderia uma mulher fazer, a viver com tal indivíduo, senão dar às de "vila diogo"?!

Porquinho da India.

segunda-feira, março 28, 2005

O PERIGO de SONHAR ADORMECIDA.

Olho-te tímida
estupidamente receosa e de revés;
na garganta forma-se um nó
que impede qualquer palavra de saltar.
tão pouco sei onde colocar os pés
e de mim mesma tenho dó.
que esperas tu para me beijar?
se dizes gostar de mim perdidamente...
és o primeiro a sussurrar tal ao meu ouvido
que o meu corpo tão lânguido e dolente
aguarda o teu contacto embevecido.
mas...onde estás tu meu doce apaixonado?!

ah! maldito despertador estuporado
que me roubaste o meu único enamorado!


Deodato Salema.

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Imaginava eu que o poeta(?!)-Bertus, guloso como é reconhecido por tudo o que é sítio, ainda por esta altura estivesse a trincar amêndoas e que uma folga (merecida), me seria concedida. Que ingénuo que sou!, que parvo não deixo de ser, por acreditar que há milagres deste género!
Pois então não é que o sujeito é esperto como eu não calculava? e já a tinha fisgada; quando ele não pudesse estar presente arranjava um gajo ainda mais demente!!

Poisestáclaro! este Deodato (nome que só pode ser de postal ilustrado daqueles do tempo da "primeira grande guerra" com dois "pombinhos" de olhos tortos a prometerem juras de amor eternas), está aqui de pedra e cal para "saltar do banco" e me fazer a cabeça em água. No entanto, se não fica a dever nada em parvoeira poética ao "outro", admito que até o ultrapassa: nesta primeira aparição criativa(?!)-melosa, rima no feminino (o que pode ser indício de qualquer desvio...) e afirma que "sonha adormecida"! Que os deuses lhe perdoem...que eu não sou capaz...

Porquinho da India.

quinta-feira, março 24, 2005

AS AMÊNDOAS sem FLOR

O tempo é de um fim de semana mais perlongado (por via das festividades decorrentes da quadra) e dái este post meramente informativo sobre a não edição habitual de sexta-feira. Na próxima segunda-feira, voltarei ao vosso convívio.

O Bertus, o Deodato Salema, que em estreia mundial vos deixa um excepcional poema alusivo á quadra e o Porquinho da India, desejam-vos uma Boa Páscoa com amêndoas aos magotes e folares com laçarotes! Beijinhos, abraços e intés!!


PASQUALINA

Gosto
de amêndoas bem redondas
de lagartos velhos e novos
de elefantes de trombas
de folares à base de ovos
de bolos com um buraco
no meio
com recheio
e do cheiro a naftalina;
gosto tanto de ti Pasqualina!

quarta-feira, março 23, 2005

ORIENTAÇÕES

O sinal
que tens na face
é negro como azeviche.

é ponto de referência
de minha busca constante
não me sobra paciência
e não vou mais para diante.

dele não tenhas vergonha
nem o tires pois se o tirares
a tua face tristonha
já não se poderá dar ares
de me procurar a mim
e não fico nada agradado
do amor acabar assim
e inda mal ter começado.

detesto perder sinais
que me atraem e orientam
que me acenam e me tentam.

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Já estava à espera disto! depois dizem que tenho a mania que sou bruxo!! Pudera. Esta gajo a andar sempre nos limites e sabendo que as alterações ao código da estrada não vão ser nada meigas, faz-se de anjolas e diz não querer "perder sinais"! Quer-se dizer, até aqui, passava por eles e era como se os não conhecesse... E será que os conhecia?! Poramordasanta!!

Porquinho da India.

segunda-feira, março 21, 2005

DAR TEMPO ao TEMPO

Chegaste.
e contigo veio o inverno
envolto em primavera
acabada de parir
e eu não estava à espera
que chegasses
tão em cima do partir.
de tanto surpreenderes
já estaria habituado
às chuvas revigorantes
deste nosso amor molhado.
mas está tudo como dantes;
chegaste.

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Para disfarçar das façanhas mais atrevidas (mas que não olvido!), o aprendiz de poeta -que dificilmente passará desta categoria... procura refugiar-se no ...tempo que faz, convencido que esta é uma área onde passará menos notado. Mas a "pena" foge-lhe sempre para o sentimento que aquilo já é vício!, pois até numas meras bátegas de água vai desenterrar amores antigos e suspirares mal amanhados.

Está-lhe na massa do sangue, repito eu, mas sem o perder de vista, que de estragos nos corações de donzelas desprevenidas este Bertus se julga capaz. Vou só ali vestir a gabardina, pegar no chapéu de chuva e pôr-me á coca. Tenham um óptimo dia...de primavera!

Porquinho da India.

sexta-feira, março 18, 2005

O GOSTO de VIAJAR

Vamos lá;
deixa-me ver a tua mão.
vê como é nova e tão diversa
do outro sentir na pele
pele-na-pele a pulsação.
sim eu sei não é preciso pressa
que do toque ao arrepio da aventura
ao arrepio das convenções
não é tão bom enquanto dura?
decididamente perco-me
com o bater dos corações
e estamos ainda no princípio
do fim anunciado
duma paixão.
não não me dês apenas a tua mão.
temos de ir ao outro lado
da questão.
vamos lá.

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O sujeito não desiste mesmo; é óbvio que para além da já habitual imoralidade há aqui outra vertente não menos grave. Na minha modesta opinião e sustentada em conhecimentos teóricos (devo afirmá-lo para que, quem não me conheça me tome por devasso...), uma paixão daquelas fortes, ou se quiserem, assolapadas, vive-se a dois, não sendo necesário que um dos parceiros esteja constantemente a empurrar o outro para "o pecado da carne", não lhes parece?. Assim sendo, este Bertus à pala da poesia, está-se a preparar para cometer uma violação!; essa é que é a verdade e se vocês não fazem nada e antes que aconteça uma tragédia, vou já daqui ao "apoio à vítima" (seja lá ela quem fôr!) e o fulano está metido em trabalhos!

Enquanto isso (leia-se: "enquanto o pau vai e vem folgam as costas"...ou será "enquanto o porquinho vai...ora, que se dane!) desejo-lhes um radical fim de semana -façam surf...parapente e ...intés!!

Porquinho da India.

quarta-feira, março 16, 2005

Ao RITMO do SONHO

Sonho-te
não te descrevo
sequer te imagino
que os meus olhos estão cerrados.
que a música não pare; pode ser fatal!
dos nossos corpos tão colados
deslizam ritmados desejos em espiral.
as luzes de néon vestem-nos
de amantes irreais
em passos
virtuais.

De paixão é feita esta dança
porque sonhada não cansa.
«paramos um pouco sim?»
ou «que tal ficar por aqui?»
«porque não; vai um gin?
amanhã regresso a ti
que não te imagino
não te descrevo
mas sonho-te.

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Este Bertus é impagável! Um dançarino-poeta era só o que me faltava; e não é de modas, pois dança de olhos fechados sem pisar a parceira...e conhecendo a sala como os dedos da sua mão. Tudo isto (e sem contar com alguns trunfos que tem na manga...ou debaixo dos lençóis!) com aparente facilidade como quem bebe um copo de água. Mas um rebate de consciência leva-o a admitir que tudo não passou de um sonho...Pois claro, só podia! Mas é assim que gente desta leva a sua ávante; mentirinha inofensiva aqui, meia-verdade acolá e ei-los no galarim da fama, aclamados como cidadãos de muitos serviços prestados à cultura, uma condecoraçõazinha no "dia cá do sítio" e por aí fora...

Eu não posso com estas encenações e denuncio-as com veemência...até porque o sujeitinho ameaça voltar...ao sonho! Vamos ter dança, vamos; mas desta vez este Bertus vai dançar ao som da minha música, palavra de

Porquinho da India.

segunda-feira, março 14, 2005

NATURA

As tuas pernas
são árvores tão perfeitas!
tão calorosas e cúmplices
quando te deitas
que estremeço e as canto
curva-a-curva
de espanto em espanto
enquanto comovido as acaricio.
mas a breve trecho
deixam de ser troncos ramos folhas
(e eu feliz, deixo!)
são as águas mansas de um rio
desaguadas em turpor
num golfo de prazeres inusitados
e sempre sempre renovados.

quando te ergues
já não são apenas árvores
as tuas pernas...

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Não fosse o respeito que me merecem os meus amigos que por aqui fazem o favor de passar e hoje decididamente não escreveria a habitual nota de roda-pé, neste blog. Na verdade, o Poeta (?!) Bertus, desta vez excedeu-se e de que maneira! Ironiza da forma mais soez, os graciosos membros inferiores femininos, designando-os de árvores!! , denotando deste modo a possibilidade de estar gravemente afectado por doença do fôro psíquico. Imagine-se que chega ao cúmulo de comparar as pernas de uma mulher a "troncos"!! atingindo assim as mulheres em geral e a minha mulher em particular.

Sabem os meus amigos mais antigos, que a minha-mais-que-tudo , por via de um terrível e lamentável acidente num talho em Almada, perdeu a perna esquerda. Irredutível, exigiu que a usar uma prótese, ela seria de madeira de carvalho...Crendices...que lhe valeram por parte da vizinhança mais cruel, o apodo da "mulher da perna de pau". Conhecedor do facto e à falta de outro "material" para os seus poemas(?!) Bertus não se coibe de escrever sobre a desgraça alheia.

Mas não fica por aqui. Num passe de mágica, digno de um ilusionista de circo de aldeia, "transforma as árvores-pernas" em rios...E porque não, um braço-ribeiro, um pé-lago ou uma mão-canal??. Só me apetece escrever: ó Bertus, vá lá gozar o Camões...perdôe-me o poeta (este sim!) o desabafo.

Porquinho da India.

sexta-feira, março 11, 2005

SEIO, sei-o

De tanto sorver ao colo
o materno leite deleitado
habituei-me a não chorar
pelo leite derramado;
assim os seios não foram
nem nunca serão escolhos
e que deles jamais
despregarei os olhos;
no chão de pé ou no leito
na arte do amor a dois
não se deve olvidar o peito;

é regra de ouro de facto
não desprezar o jeito
tão pouco perder o tacto.

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Pelo que acima fica poéticamente escrito e descrito, o autor quer fazer crer que regressa em excelente forma física e pronto a causar algum frisson às almas mais cândidas que o lêem.
Pela parte que me toca, bem pode tirar o cavalinho da chuva, uma vez que já lhe conheço as manhas e manias, pois não é impunemente que o acompanho, vai para mais de ano.
Este poeta Bertus não percorre os melhores caminhos (os da moral e dos bons costumes...), isso é um dado mais que adquirido. Pior ainda; tergiversa amiudadas vezes, enredando-se na teia que ele próprio tece e que (quase aposto), lhe trará alguns amargos de boca.

Palavra de honra que vou estar aqui à mama para ler e rir desbragadamente, os comentários que irão aparecer e que decerto não abonarão em favor do vate.

Porquinho da India.
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