sexta-feira, janeiro 28, 2005

O ÚLTIMO a SABER

pois é meus amigos; os títulos por vezes não querem dizer tudo ou se se quiser, nem significam nada, que já estou a vê-los de sorrisozinho nos olhos os mais danados para a brincadeira e a imaginar coisas: "o gajo começa a perceber finalmente que se não escrever sobre assuntos mais quentes, ninguém aqui vem visitá-lo e vai daí, tirou-se das tamanquinhas, ganhou coragem e vai dissertar sobre...tauromaquia"; os formalistas, menos dados a textos de qualidade duvidosa, abanam a cabeça e dizem para o amigo do lado "bem me queria parecer que ele não ia aguentar a pressão; o virtual é uma selva e só se safa quem ousar disparatar sobre sexo puro e duro".

por uma série de circunstâncias difíceis de enumerar e explicar aqui, a verdade é que entre ontem e hoje (eu que procuro andar sempre em cima dos acontecimentos, através de tudo o que é comunicação) devo ter sido o último a saber que freitas do amaral vai apoiar josé sócrates nas próximas eleições legislativas.

espero ser o primeiro a saber, do apoio de paulo portas a jerónimo de sousa lá mais para a frente e do acordo eleitoral entre santana lopes e francisco louçã "em cima das urnas".



quarta-feira, janeiro 26, 2005

OUTROS OLHARES

Esta coisa da visão é tramada! Uma pessoa passa uma boa parte da vidinha a olhar para tudo o que a rodeia de olhos "tais como vieram ao mundo" e de repente a notícia brutal e demolidora do oftalmologista: "o meu amigo tem de usar óculos!"; assim sem mais nem menos, sem aviso prévio, impedindo um cidadão de dar uma última voltinha com estes que a terra há-de comer, libertos de aros, lentes, enfim, nuzinhos...«vamos lá então fazer o examezinho, para lhe darmos uma "visão perfeita da vida" daqui a três dias», ordena o da bata branca. «três dias?!; não pode ser daqui a um mês...ou dois?!» quase que imploro. «nada a fazer! você até pode cegar, se não trata já do assunto; percebeu?!» responde a alva figura, de má catadura, receando ver fugir-lhe o cliente. Foi assim que as coisas se começaram a desmoronar...

Naqueles três dias usei e abusei dos olhos; li o mais que pude.Do "24 horas" ao "Expresso", da Yourcenar ao Saramago, passando pelo Paulo Coelho. Vi toda a qualidade de espectáculos que haviam para ver; do "Serviço D´amores" no Dona Maria à "Rainha do Ferro Velho". Revi o "Leão da Estrela" e a "Águia Moribunda"(?!) Aos amigos chegados, encostava-lhes os olhos aos ombros e dizia «vou pôr-te a vista em cima pela última vez!». Perguntavam-me invariavelmente se ia partir...para longe. Respondia-lhes sempre igual: «não; vou usar óculos.» Olhavam-me de soslaio e deviam pensar: "ensandeceu...coitado!". Á minha amada esposa olhava-a terna e demoradamente, tão demoradamente que ela me perguntou um dia «ó homem! tu queres comer-me com os olhos?!»

segunda-feira, janeiro 24, 2005

À MESA COM AMOR

mergulho
revigoro-me
renasço,
neste caldo de cultura
tão espesso
tão denso
e tenso,
que penso "logo existo";
cristo
jesus
maria,
esta tasca é o paraiso.
que paladar
tão preciso
sem tretas;

sái outra sopa de letras.


o autor admite que lhe falha a mão para o sal. que outra batatinha era capaz de vir a calhar; que mais cinco minutos ao lume, seria o ideal. mas que querem mais?! Não chega a boa vontade, não?! mas quantos meninos e meninas para aí há, que nunca se aproximaram da cozinha?! ahn?! ora esta!!!


sexta-feira, janeiro 21, 2005

DIZER ADEUS

sempre tive ideia que não há modelos standard para despedidas. refiro-me de modo geral às despedidas verbais; tal como não haverá para outras situações da nossa vidinha, como por exemplo as chegadas; se umas carecem de emocionados adeuses, o voltar de costas e "fica bem, que parto para outra", o inopinado "vou comprar tabaco, já volto" e nunca mais põe os butes em casa, as outras carecem de apresentação do tipo "sei que não me conheces, mas sem te passar pela cabeça, estavas à minha espera à séculos", "o senhor director provavelmente nem se lembra de mim, trabalho no sétimo andar, nas contas poupança e tenho um problemazinho...", "sou o gaspar e o teatro está-me na massa do sangue, é de família que já o meu pai trabalhou no monumental...era electricista..."...e exemplos não faltam para provar a diversidade.

mas se as apresentações não são geralmente muito complicadas, já as despedidas poderão conter doses elevadas de dramaticidade que poderão chegar às lágrimas em catadupa, encharcando lenços, ombros e peitos, sendo que não há quase diferença no género, de verter àguas(?!), pois já vai longe o tempo da ideia que "um homem não chora...". poder-se-á daqui inferir que se estas situações que se reportam "ao vivo", não serão fáceis, as mesmas remetidas para a escrita, passariam a ter um menor grau de dificuldade porque "olhos que não vêem, olhos que menos sentem"... pois devo confessar-vos, que no meu caso, que é dele que estou aqui a tratar, é muito mais complicado despedir-me de vós por este meio, que de viva voz. é verdade; chegou a vez -a minha vez! de partir e dizer-vos adeus. não o faço naturalmente sem emoção (sem lágrimas sim, não por ser mais homem, mas por uma questão de princípio(?!)), pois vim aqui encontrar pessoas que nunca conheci e gente que não esperava conhecer. compreenderão que me é extremamente penoso acrescentar mais. adeus!

será assim, mais letra menos parágrafo, que um dia me despedirei de vós, confuso, perturbado e logo de mala cheia de saudades, como manda a boa tradição portuguesa nas despedidas. Tenham um óptimo fim de semana e até segunda-feira.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

TOMAR PARTIDO

lá me defronto novamente com o mesmo dilema; por quem hei-de tomar partido?. de quando em vez (nos últimos tempos diria mesmo que demasiadas vezes, embora haja quem sustente que nunca são demais estes actos eleitorais...) vêem-me convocar para pôr à prova a minha capacidade selectiva. bem tento resistir invocando o argumento mais utilizado, que "a idade" já não me permite a mesma acuidade mental e visual(?!) para distinguir entre o bom e o mau; que a jovial argúcia de observação de outros tempos, caiu quase em flecha e é mais utilizada para ironizar...que também é uma forma de passar pelo tempo e afirmação de sobrevivência.

mas "eles" teimam e referem que é um indeclinável dever cívico a que não me devo furtar, sob pena de estar a contribuir decisiva e negativamente para uma vida menos feliz e quiçá, dar oportunidade e leger a quem pela imagem (e pela palavra...), se diz bater vigorosamente para oferecer ao cidadão comum, uma existência mais "colorida" e "apetitosa".

desta feita, foi o presidente da direcção da "associação os amigos das curvas do seixal", que me convidou para integrar o elenco de jurados para o "quarto concurso de miss doce até dizer chega! 2005". embora já sem a alegria de outros tempos, acabo por ir...exercitar a vista, proferir uma declaração de voto (que me pélo por isso) e comer um faustoso cozido à portuguesa, que a organização oferece, após a eleição.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

O PRINCÍPIO do FIM

...e eu perguntei-lhe, pretendendo denotar alguma casualidade: «e se nos casássemos?». pelo compasso de espera até chegarem as palavras, pelo inesperado da questão colocada, face ao contexto da conversa banalíssima de um fim de domingo -tínhamos acabado de ver o último filme de woody allen, era evidente que bruno ponderava o que iria dizer, ele que sempre me habituou à resposta rápida tipo "o troco debaixo da língua" . parou e disse apenas: «vamos para o carro». chegámos a almirante reis num repente, sem trocar palavra e nunca o vi conduzir tão rápido. parou, beijou-me e articulou em tom inseguro: «hoje não fico contigo; tenho de acabar o mais depressa possível aquele projecto que me está a dar cabo da cabeça. boa noite».

na segunda-feira não me falou para combinarmos o almoço. nem terça. liguei para o móvel logo pela manhã, na quarta, : desligado; a seguir para o atelier e atendeu-me o sócio, o rui, "que ele tinha partido para bruxelas no princípio sa semana, para uma série de reuniões e que só voltava no sábado". as coisas estavam a precipitar-se! mas que raio! uma relação de quase dois anos, sem problemas de maior, apenas aqueles amuos normais de duas pessoas que se gostam; desconversávamos por ninharias, que no essencial o acordo era quase total, faziamos sexo com prazer (pelo menos nunca lhe ouvi uma queixa nesse sentido e eu também nunca me desapontei), o "sentido da vida" -o desgoverno dos governos, a crise em que o país estava mergulhado e como as pessoas respondiam a tal, a consonância roçava o óptimo...pois; é verdade que sempre nos portámos como dois namorados, que nunca fizemos, ou falámos em projectos para uma vida a dois, que cada um de tinha a sua casa, mas com franqueza, um de nós tinha de tomar a iniciativa no sentido de dar um rumo certo e responsável às coisas...

talvez eu tenha sido demasiada abrupta; que a oportunidade não deva ter sido a melhor. sempre me condenei por esta mania de falar a destempo e agora o resultado está à vista, que o assustei com uma proposta tão inesperada e quem sabe!, talvez lhe tenha parecido um ultimato. ainda há tão pouco tempo estávamos tão felizes. recordo-me especialmente na festa de aniversário dele na passada semana: vinte e seis anos!; dançámos a noite toda e o resto do pessoal olhava-nos num misto de surpresa e admiração. notei mesmo nos rostos de algumas colegas do seu curso uma pontinha de inveja...nem sei o que fazer. por agora limito-me a chorar...sem lágrimas, que já se esgotaram. e depois, o que mais pode uma mulher de oitenta e cinco anos fazer?

sexta-feira, janeiro 14, 2005

DEAMBULAÇÔES

não tendo nada de especial para fazer (?!), deixei ao critério do destino e das pernas, vir até á grande superfície (não, não estive submerso na companhia de espadartes, moreias e robalos e que tal companhia me aborrecesse de tédio, optando por emergir; trata-se tão só de um grande centro comercial...) e esta deve ser a parte do dia menos movimentada, pois ainda nem dez horas são. nas lojas os empregados (mais elas que eles que assim os custos não se elevam tanto...quem sabe até se a maioria colocados por intermédio de empresas empregadoras...que o trabalho temporário é o pão nosso de cada dia), preparam-se para mais uma jornada de tranquila acalmia profissional pois que apesar dos reclamados saldos da época, que se inscrevem em letras bem visíveis por tudo o que é sítio, para a maioria, o vil metal está cada vez mais caro e por isso escasseia.

aqui vende-se de tudo, que dantes se completava com o "como na farmácia"; estes gigantes comerciais têm resposta para todas as nossas mais espatafúrdias dúvidas no acto de adquirir e não será de estranhar que ao lado dos frangos assados se vendam os topo de gama dos telefones móveis, na loja seguinte os serviços de limpeza a seco e mais adiante as gravatas e lenços de seda. haja poder de compra que podemos sair dum destes centros com a nossa vida totalmente modificada; compra-se a casa, o carro que sempre desejámos e a viagem dos nossos sonhos...a liquidação de tais produtos pode ser paga em suaves prestações...se a nossa conta bancária tiver provimento, pelo menos para as primeiras impressões. se não, também "se resolve": levam-nos tudo de volta...à procedência.

mas não quis, eu próprio, deixar de testar tal desiderato. na fnac, perguntei a um dos empregados se tinham o "borda d´água", edição de 2005; o jovem olhou-me atentamente e eu também, pois via-se-lhe no rosto que jamais teria ouvido falar em tal coisa. consultou no computador, os títulos das obras disponíveis e respondeu: «esse, de momento não; mas temos "à borda do prato", de pierre j., edições anglomer, paris...ou "bordo, bombordo e estibordo-breves noções de marinhagem", por pimenta dos reis, da tejo editora, lisboa. agradeci, desapontado. e se hoje chove?!...

quarta-feira, janeiro 12, 2005

TRANSPORTES COLECTIVOS

CARRIS: Do Sorriso Amarelo ao Esgar Laranja.

A Administração da Companhia Carris, empresa de transportes colectivos que opera na cidade de Lisboa, resolveu implementar um moderno método de relacionamento com os seus trabalhadores que "ficaram sem serviço" após a última "reestruturação" da empresa em que o Estado é o maior accionista. Pressionados a rescindir contrato, cerca de trinta trabalhadores (dos menos qualificados herárquicamente, passando por quadros técnicos a responsáveis de serviço) são obrigados a cumprir o horário de trabalho normal, colocados em salas inóspitas, olhando uns para os outros, porque nada têm para fazer.
É sociológicamente interessante esta forma "humanista" de resolver a cessação laboral de pessoas que deram anos de vida a esta empresa e agora são tratadas "carinhosamente" por quem decide os montantes de indemnizações -porque é aqui que reside o busilis da questão e há que apertar o cinto nestes casos de "menor importância" para que não deminuam as mordomias de quem "governa". Decerto que estes esfregam as mãos de contentamento quando, muitos meses depois de provação psicológica um ou mais trabalhadores tomem a inicitaiva de rescindir; o resultado económico em seu desfavor está à vista...
O "modelo" além de ilegal, revela em que conta são tomadas as pessoas que decidem trabalhar por conta de outrém neste país eternamente adiado.
Notícias recentes, informam que a Inspecção Geral de Trabalho, alertada para este facto, está a companhar a situação e inclusivamente visitou as instalações onde estes trabalhadores se encontram. Espero, eu que ainda acredito nas instituições, que este processo siga para a frente, não fique no esquecimento, que os trabalhadores sejam ressarcidos de eventuais danos causados e que seja mostrado um cartão vermelho à administração da CARRIS por comportamento ilegal e indecoroso neste processo. Os sindicatos têm aqui, trabalho importante a desenvolver.


O Tejo Sem Barcos

Nas vésperas de Natal e de Ano Novo, a Transtejo "avisou" os seus utentes que os últimos barcos a cruzarem o rio, Cacilhas-Cais do Sodré e Cais do Sodré- Cacilhas, teriam partidas dos respectivos cais até às 22 horas desses mesmos dias. O tráfego seria reposto normalmente nos dias feriados seguintes.
A Transtejo tem vindo a anunciar nos últimos tempos que o volume de passageiros tem vindo a diminuir. Que a Ponte e o combóio terão "roubado" a esta empresa os níveis a que se habituou.
Não percebo onde pretende chegar a Transtejo, quando nos citados dias, FECHA o caminho fluvial entre as duas margens a tais horas não permitindo que quem quisesse visitar familiares "do outro lado" e regressar umas horas depois, não o pudesse fazer nesses dias e por essa via. Porque o número de passageiros não é rentável? Porque os trabalhadores têm direito a gozar o Natal e o Ano Novo com os seus familiares?
À primeira interrogação respondo eu próprio; a rentabilidade de quase todas as empresas de transporte colectivo, anda "pelas ruas, estradas e rios da amargura"; nesse caso, quase nenhuma operaria. Sobre os direitos dos trabalhadores, se assim "tem de ser", então que se encerrem de todo, os hospitais, quartéis, aeroportos, bombeiros, esquadras de polícia e tantos outros estabelecimentos de primeira necessidade, nesses dias. E já agora porque não, também aos fins de semana, dias feriados e...no mês de Agosto?!

segunda-feira, janeiro 10, 2005

DORMÊNCIA

Acreditem ou não, nestes últimos dias parece-me ter andado meio adormecido; não sei se já lhes aconteceu, assim a modos como que as coisas a passarem-nos "transparentes" ao lado...e à frente. Ando na rua e cruzo-me com gente a quem não distingo as feições mas que decerto respiram, passo por edifícios sem referências arquitectónicas que se limitam a "estar lá", por veículos isentos de características que são apenas objectos que rodam e até oa animais, só reconheço porque se movem a uma altura abaixo da dos humanos; isto no que se refere aos cães e aos gatos...não vos posso garantir se já me passou pelo nariz, algum cavalo...ou burro. Em casa, ligo a televisão e afianço-lhes que os canais "se juntaram num só" e que o pivot é um busto desfocado com o nariz do José Rodrigues dos Santos, a boca da Manuela Moura Guedes e os ombros do Rui Guedes de Carvalho. E nos jornais que me chegam à mãos, a amálgama de textos e imagens parece querer informar-me que "uma onda gigante varreu o governo, que há ministros desaparecidos e que o presidente da república...são dois: o Jorge e o Sampaio; que o país vive num crescendo de euforia económica com milhares de desempregados; que o inverno é frio mas cheio de sol, que os principais clubes de futebol da liga de ouro se confundem apenas num..." Alto e pára o baile!!! Isso é que não! O Sporting venceu o Benfica e é leader do campeonato! MELHOREI!!!

sexta-feira, janeiro 07, 2005

DEFINIÇÕES DIFÍCEIS

Todos nós , uns mais outros menos, que é sempre bom ressalvar por via das estatísticas, nos vemos sempre com algumas dificuldades para definir aquilo que não tem...definição. Os mais hábeis na oratória ou na escrita (o caso dos poetas então é exemplar), os membros de qualquer congregação religiosa, os impostores a tempo inteiro ou de acaso, os criativos (artísticos ou publicitários), a maioria da classe política, os pais (pois então! as definições que engendram enquanto somos mais novinhos e vai-se a ver mais tarde...) os agentes desportivos do reino do pontapé na bola e tantos outros que agora não me ocorrem e que decerto não caberiam aqui por absoluta falta de espaço e de tempo, safam-se muito melhor que os outros, aqueles que não pertencem a estas categorias profissionais ou de lazer e que nem lhes passa pela cabeça as mega-utilizações que se podem dar às palavras para explicar o que não tem explicação.

Em trabalho de campo que realizei há bem pouco tempo e que hei-de publicar por aqui e em devida altura, passo a exemplificar algumas definições dadas por algumas das personalidades acima citadas e que demonstram cabalmente que o inexplicável...explica-se.

Assim, ao pedir a um político para definir o AMOR a resposta veio célere e sem tibiezas: "Amor é aquilo(?!) que temos dentro de nós(?!) para oferecer aos portugueses desinteressadamente(?!) e para que vivam com a maior dignidade possível!" . O presidente de um clube de futebol foi um pouco mais explícito: "Amor é o que nós temos pelos nossos jogadores se forem campeões nacionais!". E se não forem? atalhei eu, irónico; "Então não teremos amor, mas sim a maior pressa em realizar transferências rentáveis com os ditos cujos, para outros clubes...que lhes possam dar o amor que nós não pudemos...". Um criativo-publicitário definiu que "O amor é o que nós sentimos quando o produto que reclamámos se vende em grande, embora não valha a ponta de um chavelho!". Um mentiroso-convicto afirmou que "Amor é o que sinto pela minha esposa e pela minha secretária que é boa como o milho!". Por hoje ficamos por aqui que um dia destes há mais. Bom fim de semana e intés!!

quarta-feira, janeiro 05, 2005

RESQUÍCIOS das FESTAS

LINHA ETÍLICA

Passei a linha
de fronteira
que separa
a sensatez
da asneira;
frágil e soez
caiu-me o corpo,
em tremideira,
qual copo,
de borco...


O autor do poema, aturdido, faz um gesto para se erguer; em vão. O tecto do quarto oscila perigosamente em direcção à sua (dele) cabeça. Desanimado, interroga-se "que raio de dia será hoje?" mas não consegue reunir ideias e não insiste. A porta abre-se e uma voz feminina de um corpo que não consegue ver, questiona-o ásperamente: «vais continuar aqui mais outros quatro dias?! metido nesta pocilga nauseabunda?!». Que poderá ele retorquir se nem se consegue levantar?. Agora já vê, embora desfocada a cara-do-corpo-que-fala que se chegou perto da cabeceira da cama. É uma mulher assustadoramente grande, brandindo o indicador ameaçador: «olha para esta nojice!bocados de bolo-rei e de pastéis de bacalhau nestes lençóis!! Tu pensas que sou tua criada?! Tás muito enganado!! Ouviste?!», e o sobrolho esquerdo treme perigosamente acentuando-lhe em zig-zag a cicatriz que lhe desce da vista até ao canto da boca. O autor pergunta-se se não será esta figura medonha a expiação de todos os seus desvarios e malvadezes. Se assim é, reconhece razão à sua amada mãe que sempre o foi preparando para "quando este dia chegasse", pois que alguma vez "seria chamado a prestar contas"...

Amedrontado e nauseado, o autor finalmente abriu a boca: «eu sei que não me tenho portado nada bem; reconheço que mereço toda a sorte de castigos, sejas lá tu quem fores...a partir deste momento a devassidão vai deixar de morar no meu corpo. Peço-te que me prepares um banho bem quente para que consiga arrancar da pele o animal da maldade que em mim se instalou. Vou ser forte e nunca, mas mesmo nunca mais, voltarei ao caminho da perdição. Entretanto, passa-me aí o garrafão de tinto que está debaixo da cama; estou cá com uma sede...

O pano cai, perdido de bêbado.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

O DESARMAR da FEIRA

Acabaram-se as festas e regressamos a penates mais leves de algibeiras e pesados em pensamentos. Que os tempos que aí vêm, não vão ser fáceis porque a saúde económica de um país não se "mede" exactamente pela vitória eleitoral das nossas cores partidárias. A medicina evolui quase que diria, diariamente; o "preço" do dinheiro, pelo contrário, cada vez está mais caro e as "medidas profilácticas" são de efeito temporário, curto e as mais das vezes incorrectamente aplicadas.

Ouvi a tradicional mensagem ao país, de Ano Novo, pelo Presidente da República. Por mais que se esforce, Sampaio nunca foi o presidente de todos os portugueses e hoje, quase que aposto, ainda o é menos. O seu pedido de um acordo político entre as maiores forças partidárias após as eleições é no mínimo patético; antes, será atirar poeira aos olhos de quem sabe há muito que o portuguesinho "tem mau perder" e não suporta acordos com rivais. E se os faz, são com vizinhos da mesma àrea (ou próximos) e apesar disso, vejam-se os resultados...

Eu sei que as pessoas têm de ter esperanças. Eu próprio defendo que a esperança é o motor que não permitirá de todo, ou em última análise, que se todos encolherem os ombros, voltemos a tempos ainda mais duros e que não estão assim tão afastados da nossa memória colectiva. Mas sejamos práticos e honestos connosco próprios porque já não vivemos na escuridão censória dessoutros tempos. Um país não se constrói apenas de palavras mas sobretudo de actos palpáveis, visíveis e de...verdade. Que o cinismo politico e social seja tratado pedagógicamente nas nossas escolas e expurgado de vez deste país, é o que eu gostaria de pedir no inicio deste ano.

No próximo post, prometo voltar a exibir o sorriso habitual e que caracteriza este espaço. Hoje não; estou de ventas...de porco. Intés!!
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